Quem ousa violar o sagrado templo das almas errantes?
Essa tumba foi selada. Dos cavaleiros que por aqui passaram nem vestígios restaram.
Os últimos, que também foram os primeiros, receberam do divino gameplay a derradeira missão: substituir os rifles de última geração por pesadas espadas; os coletes e munições por velhos trapos brancos margeados em cruzes vermelhas; as boinas e óculos escuros por compridas barbas brancas e vincos de velhice estampadas na face.
Do rol de incumbências, entretanto, a mais dolorida foi assistir a olho nu o falecimento ou o distanciamento de cada Templário. Cada qual seguiu seu destino, inclusive os últimos, que também foram os primeiros.
Ao Um, o destino reservou a mumificação face ao portão leste da fortaleza templária, donde o Sol nasce. De costas para este e de face direcionada ao oeste, fora mumificado o Dois.
Há quem diga - mas não passam de rumores -, que no solstício de verão, quando os dias são mais longos e o sol se põe a pino, as múmias esquentam a tal ponto que retornam à vida. Reativam o brilho saudoso no olhar, contemplam ao redor, põe-se face a face, tecem longos, exagerados e nobilíssimos cumprimentos e antes que qualquer tome visão dessa quimera, voltam aos seus postos, emudecem e ao sono profundo retornam.